segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Sem brincadeira

Olá, planeta Terra!

Sim, eu ainda estou por aqui e o blog ainda vive!

E como em todos os meus retornos após longos hiatos, trago-vos música, e música boa!

Lembra da época em que jogos digitais eram coisa de criança? Pois those times are long gone. Hoje não só os jogos como suas trilhas sonoras são obras extremamente elaboradas e, mais legal do que isso, mobilizam multidões de fãs talentosos, que criam suas próprias interpretações dessas obras. É o que faz o cara do perfil do soundcloud linkado abaixo. Rearranjando canções das sagas Souls (Dark, Demons e Bloodborne), o moço nos presenteia com esse quilate de composições que você ouve clicando aqui em baixo:

segunda-feira, 2 de março de 2015

Machadeando

inútil, disse ele rasgando a carta em mil pedaços, a língua humana há de ser sempre impotente para exprimir certos afetos da alma; tudo aquilo era frio e diferente do que sinto. Estou condenado a não dizer nada ou a dizer mal.”

Machado, em Contos Fluminenses.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Just gotta live with it

Ontem tive um dia de zumbi. Um dia bom ainda assim, mas que passei inteiro naquele estado entre o dormindo e o desperto.

A sensação teve bem a ver com o estado geral das coisas, todas meio "nem lá nem cá": fui ao trabalho, mas o pós-carnaval fez o funcionamento ser a passo de tartaruga, tinha dormido bem, porém pouco pros meus padrões e, pra coroar, passei o dia assistindo Mushishi.

Todo esse clima me fez lembrar das inúmeras vezes em que eu tive apenas que esperar as coisas mudarem por si mesmas. Tipo no fim de 2013. Foi legal, porque me dei conta de que estou bom nisso, e trata-se de uma competência fundamental pra que você não se deixe afundar em tristeza ou letargia com os desafios que simplesmente não têm solução imediata e que invariavelmente vão aparecer, porque a vida é como esses autores que não têm pena ou apenas gostam de se divertir com seus personagens.

A Oração da Serenidade, que habita aqueles pratinhos decorativos em milhares de casas por aí (lá em casa tinha um, há muitos anos) é emblemática nesse contexto:

"Concedei-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar; coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir umas das outras.”

Amém? Hehe. :)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Requisitos mínimos

Fé cega
Pé atrás
Olho vivo
Faro fino
Tanto faz
Engenheiros do Hawaii

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

After long

Estou de volta (acho)!

Antes de mais nada, explico o motivo principal da longa ausência: baixo astral. O último trimestre de 2014 foi de uma chatice, de uma babaquice tão aguda e disseminada que eu simplesmente não quis comentar nada, pra não ser mais um babaca na multidão. Me refiro, claro, à corrida eleitoral que até hoje nos inferniza facebook afora.

Esse é um dos males da era da informação: "geral" achando que é politizado, informado, culto e formador de opinião. Meu pau de selfie.

Mas voltei a escrever porque já tô bem avançado no meu processo pessoal de desintoxicação espiritual pós-eleições, apesar de sempre aparecer ainda um outro pentelho "preocupado com o futuro do país", pedindo o impedimento da presidenta e essas coisas de criança mimada quando perde.

Voltei por isso, e porque nesse exato momento minha namorada tá aqui do meu lado procurando "Menina bonita do laço de fita" pra dar pra uma criança, o que restaura um pouco minha fé na humanidade.

Bom, era só pra reportar isso mesmo, pessoas. Nos vemos em breve. Abraço!

domingo, 26 de outubro de 2014

Alternância, pero no mucho.

Suponha que haja esse senhor, o Sr. Brasão, um homem sisudo, mas que adora sorvetes. Sr. Brasão decidiu que, para ele, a alternância dos sabores é de extrema importância. Então implementou o seguinte método: nos primeiros quatro anos desde sua decisão de alternar sabores, tomaria apenas sorvete de morango. Aí, ao final desses quatro anos, passaria a tomar apenas sorvete de chocolate, até que se passassem mais quatro anos, quando então ele novamente decidiria se prefere morango ou chocolate para o próximo quadriênio de sua vida. Sr. Brasão dorme tranquilamente em berço esplêndido todas as noites, em paz com sua própria coerência, certo de estar seguindo à risca o seu princípio: a alternância de sabores é tudo.

Agora me responda, car@ leitor(a): quantos sabores diferentes de sorvete Sr Brasão terá provado durante sua vida? E quantos há pra se provar no mundo? Apesar de sentir tranquilo quanto a isso, Sr. Brasão é realmente fiel ao seu princípio? É um competente "altenador de sabores"?

Pois bem, façamos uma pausa na parábola e voltemos ao mundo real. Queiram me responder: o que é que nós faremos nessas eleições de hoje? Resposta: escolheremos entre PT e PSDB. Muito bem! E o que foi que fizemos quatro anos atrás? E oito anos atrás? E doze? E dezesseis? Vocês entenderam.

Então, sejamos sinceros: a alternância de poder é realmente relevante pra nós? Nós estamos sendo competentes "alternadores de poder" ou apenas babacas manipulados pelas paixões que o dinheiro desses grandes grupos políticos são capazes de produzir? Caímos nós, novamente, no mesmo truque que nos aplicam desde sempre, onde no final nos vemos forçados a escolher entre o ruim e o pior? Será? É MESMO honesto, dado o contexto, usar "alternância de poder" como um dos argumentos pra escolher seu candidato nessas eleições? E a pergunta mais importante: seria você o Sr. Brasão?

Daqui há mais quatro anos, o PT será o grupo que esteve no poder durante 12 ou 16 anos e o PSDB - ou mais especificamente "os representantes da extrema direita" - continuará sendo o grupo que esteve no poder desde sempre, exceto por um hiato de 12 ou 16 anos. Então se você é desses que preza de verdade pela alternância de poder, não nos vá colocar novamente na mesma situação em que estamos há décadas.

Quer mudar o Brasil? Mude seu voto. Mas só daqui há quatro anos. O que temos pra hoje é só morango ou chocolate, fazer o quê?!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

sábado, 27 de setembro de 2014

Aleluias!

Nelson Rodrigues, o desbocado padroeiro do futebol e do Fluzão, hoje aprontou das suas: desde o além, providenciou uma epifania coletiva e todo mundo que entrou em campo foi capaz de acessar aquela zona esquecida lá no fundo de seus cérebros: relembraram como se joga futebol!

E como lembraram! Fluminense e São Paulo hoje me fizeram sentir como quando ouço os mais velhos contando sobre os jogos das eras douradas de seus times ou quando assisto àquelas reportagens legais estilo "Baú do Esporte": fizeram um jogo fluido, onde todo mundo conhecia exatamente as maneiras da brincadeira, onde todos pareciam acreditar que a bola tem sim que rolar num jogo de futebol, por mais que a regra do momento seja a ditadura da velocidade e do vigor, apenas.

Dirão por aí que o primeiro tempo foi meio morno, concentrado na intermediária, nenhum goleiro tendo muito trabalho. E é verdade, vá lá. No entanto, não vimos faltas feias, não vimos (não-)matadas de bola bisonhas; até as figurinhas conhecidas pela falta de habilidade, como nosso veloz e dedicado porém completamente quadrado zagueiro Elivélton, resolveram fazer o básico pra não fazer feio, acho que influenciados pelo reinante zelo com a redondinha.

No segundo tempo, o rápido gol do Fred (aqui, pausa pra piada infame: consegui usar as palavras "rápido" e "Fred" numa mesma frase! Rá! Lide com isso!), numa jogada muito bem feita, acrescentou o único ingrediente que faltava ao jogo: a vontade séria de vencer. Até então, os dois times se respeitavam demais, até porque os dois jogavam demais, era jogo de time grande. Daí pra frente, começaram a não apenas jogar, mas jogar pra ganhar. Pensei que ficaria ruim pro Flu, que se acostumou nesse campeonato a fazer o primeiro gol e se entregar a uma pasmaceira abominável, que quase sempre acabou levando a um resultado pior do que queríamos, mas me enganei. Era a noite do estranho, e, mesmo tendo sofrido logo o empate, o Flu continuou muito bem, lúcido; o jogo continuou muito bom, e empolgante, e de qualidade.

Foi então que deixaram o nosso 9 fazer o pivô. Aviso aos zagueiros do mundo: não se deixa um centro-avante de qualidade fazer o trabalho de pivô, caras! Mesmo nessa época de caça aos noves tradicionais, mesmo nessa época babaca de que todo mundo tem que ser veloz e em que "falso 9" soa quase como um mandamento bíblico, não se deixa um 9 matar de costas pro gol, girar e achar alguém mais bem posicionado. Tsc, tsc. Erro fatal da zaga paulista, Fred achou Wagner na esquerda, que cortou pro pé fraco e soltou um tiro como manda o almanaque: fora de alcance pro Ceni. Belo gol, bela jogada, futebol em estado puro.

E como era a noite do estranho, teve gol de falta pro Flu. Nem lembro quando foi a última vez que vi alguém do Flu fazendo um gol de falta de cobrança direta pro gol. Mas o importante é que dessa vez o Conca fez, e que golaço! Daqueles em que o goleiro só consegue ficar parado e rezar. Mas nesse caso, rezar não adiantaria pro Ceni: São Nelson estava do nosso lado, e deve ter sussurrado ao pé do ouvido do Conquinha: "Na gaveta, moleque!", como em certo comercial de TV.

Admito, leitor! Pode ser que eu esteja tão encantado assim com o jogo porque ainda estou inebriado com o clima, talvez eu o esteja adjetivando com muito mais generosidade do que qualquer outro ser humano faria, mas, aqui pra nós, o que é escrever sobre futebol sem poder se inflamar? O que é futebol sem uma dose de paixão? E ainda digo mais: já havia decidido fazer esse texto quando o jogo ainda estava 1 a 1. Então, talvez seja paixão, sim, mas não pelo resultado. Pelo futebol. Três pontos pra ele.

PS: muito bom o time do São Paulo. Qualquer resultado hoje seria justo e não seria demérito do lado perdedor, como de fato não foi. E vale o adendo: Ganso, que eu via como eterna promessa, parece ter voltado a jogar bola, mas mais do que isso, parece ter encontrado graça no jogo. Não tem mais aquela atitude de "ah, eu sou f*** nisso aqui, mas f***-se", não é mais aquela menina bonita que sabe que é bonita e que a vida vai ser mais fácil por causa disso. O Ganso me parece ser agora aquela menina que sabe que é bonita e, indiferente a isso, quer cursar engenharia.

PSS: Torço que essa partida não tenha sido mesmo apenas um caso de epifania coletiva, que todo mundo comece a jogar bola como se deve jogar bola, como se tivessem algum interesse no jogo além do financeiro e usando todo o conhecimento de causa que hoje mostraram que têm. Oremos!