sexta-feira, 13 de junho de 2014

Brasil fazendo brasilzice.

O jogo de abertura da Copa teve a cara do país.

Primeiro, o Neymar mostrando que, às vezes, é uma questão de jeito, e não de força. Depois, o Fred encarnando o "São Migué" e fazendo uma encenação que valeria um papel de destaque em qualquer pastelão mexicano, mas de novo, sendo tipicamente brasileiro: se a coisa tá feia, damos um jeito, mesmo que não seja o mais bonito (tanto do ponto de vista estético quanto do moral). No terceiro, o Oscar, que aliás acabou com o jogo ontem, usou muito talento, muita raça e o improviso (uma bicuda estilo Ronaldo Fenômeno contra a Turquia em 2002) pra fechar a conta.

Quanto ao gol contra do Marcelo? Esse representou a inclassíficável cerimônia de abertura que vimos horas antes do jogo: uma coisa tão tosca que só pode ter sido feita sem querer.

PS.: Salvou-se o pontapé inicial, que divulgou o trabalho do Miguel Nicolelis, cuja competência a gente que tem um pouquinho de curiosidade sobre ciência nesse país conhece já de outros verões. Que ele continue trabalhando e inspire o resto do país. Ainda existe seriedade nessa nossa gente.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

8 ou 80.

Parece que politicamente no Brasil, ou você joga na lateral direita ou na ponta-esquerda, não existe meio campo. É como se o país estivesse dividido entre aqueles que acham que o país é o paraíso, Dilma é a papisa e Lula é Deus, e os que acham que aqui é o inferno, Lula é o tinhoso e Dilma é, sei lá... o Ozzy Osbourne.

Uma das implicações mais chatas dessa situação é a dificuldade que os meros mortais, como eu, que estão naquela de primeiro tentar entender o que tá acontecendo pra depois formar opinião, encontram pra se informar.

Explico: não basta que a gente simplesmente leia a notícia; a gente precisa ler levando em consideração onde está lendo, calculando qual a orientação política de tal fonte e então pegar todo o conteúdo da matéria e dividir pelo que chamo de "coeficiente de arrefecimento de babaquice", pra poder poder diminuir a influência da opinião pessoal de quem escreveu e chegar mais perto do que realmente talvez tenha acontecido.

Claro, não é nenhuma novidade que o mundo midiático seja dominado por gente inflamada de paixões partidárias e desejosa de angariar adeptos, mas, tipo, será que ninguém percebeu ainda que, apesar de ser comum, isso não é "normal"? Seria muito legal se eu pudesse pegar uma reportagem que simplesmente REPORTASSE algo. Tipo: aconteceu tal coisa, em tal lugar, em tais circunstâncias, com tais personagens e pronto! Tão mais simples!

Quem sabe um dia, né?