O cenário perfeito pra escrever é o silêncio, rompido só por algum ruído baixo e insistente - há sempre uma máquina pra isso -, pouca luz, solidão e um punhado de dúvidas na cabeça.
Algum tipo de sentimento controverso sempre ajuda, mas não é necessário, tampouco suficiente. Não se faz comida só com tempero. Há de haver sustância, e ela reside nas idéias, que por sua vez moram no escuro, no silêncio, na solidão e nas dúvidas.
E há de haver a epifania, o ímpeto, o estalo. Esse que, mais do que tudo, é amigo do acaso e traidor do poeta.
Segue que escrever é se afeiçoar ao obscuro, brincar com o incerto, desencavar ouro.
Então salve o palco dos nossos sonhos, salve o calabouço da nossa imaginação! Um viva aos recônditos do engenho humano: eles que nos livram da infértil segurança das certezas!
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