No último dia 20, o escritor Paulo Coelho publicou em seu blog um texto onde opinava sobre a famigerada S.O.P.A. e, mais que isso, sobre o que pensa da "pirataria" online. O texto original, em inglês, pode ser lido aqui.
Abaixo, uma versão traduzida do post. A tradução é minha, e portanto qualquer eventual erro também. Comentem!
Na antiga União Soviética, nas décadas de 1950 e 60, vários livros que questionavam o sistema político começaram a circular "debaixo dos panos" em versões mimeografadas. Seus autores nunca receberam um centavo em royalties. Ao contrário, eles foram perseguidos, denunciados na imprensa oficial e enviados a exílio nas gulags siberianas. Mesmo assim, eles continuaram escrevendo.
Porquê? Porque eles precisavam compartilhar o que estavam sentindo. De Gospels a manifestos políticos, a literatura permitiu que idéias viajassem e até mesmo mudassem o mundo.
Não tenho nada contra pessoas ganhando dinheiro por seus livros; é assim que me sustento. Mas olhe o que está acontecendo agora. O Stop Online Piracy Act (S.O.P.A.) pode despedaçar a internet. Este é um PERIGO REAL, não só para os americanos, mas para todos nós, já que a lei - se aprovada - afetará o planeta inteiro.
E como me sinto quanto a isso?
Como autor, eu deveria estar defendendo a "propriedade intelectual", mas não estou.
Piratas do mundo, unam-se e pirateiem tudo que eu já escrevi!
Os bons e velhos dias, quando cada idéia tinha um proprietário, se foram para sempre.
Primeiro, porque tudo que se faz é reciclar os mesmo quatro temas: uma história de amor entre duas pessoas, um triângulo amoroso, a disputa por poder, e a história de uma jornada.
Segundo porque todos os escritores querem que o sua obra seja lida, seja em um jornal, num blog, num panfleto ou numa parede.
Quanto mais vezes ouvimos uma música no rádio, mais ficamos inclinados a comprar o CD. É o mesmo com a literatura.
Quanto mais pessoas "pirateiam" um livro, melhor. Se gostarem do começo, comprarão o livro inteiro no dia seguinte, porque não há nada mais cansativo do que ler longos textos numa tela de computador.
1. Alguns dirão: Você já é rico o bastante para permitir que seus livros sejam distribuídos de graça.
Isso é verdade, eu sou rico. Mas foi o desejo de fazer dinheiro o que me levou a escrever? Não.
Minha família e meus professores todos disseram que não ser escritor não dava futuro.
Eu comecei e continuo escrevendo porque me dá prazer e significado à minha existência. Se dinheiro fosse a razão, eu poderia ter parado há muito tempo e me poupado de ter que lidar com críticas invariavelmente negativas.
2. A indústria da imprensa dirá: Artistas não podem sobreviver se não forem pagos.
Em 1999, quando fui publicado pela primeira vesz na Rússia (com uma tiragem de 3000), o país estava sofrendo com grave escassez de papel. Por acaso, eu descobri uma edição "pirata" de "O Alquimista" e a postei na minha página na web.
Um ano depois, quando a crise estava resolvida, eu vendo 10000 copies da versão impressa. Até 2002, eu já tinha vendido um milhão de cópias na Rússia e agora já ultrapassei a marca dos 12 milhões.
Quando viajei pela Rússia de trem, encotrei muitas pessoas que me contaram ter descoberto meu trabalho através da versão "pirata" que postei no meu site. Hoje em dia, administro um site "Pirate Coelho" com links para quaisquer livros meus disponíveis em sites de compartilhamento P2P.
E minhas vendas continuam crescendo. Aproximadamente 140 milhões de cópias ao redor do mundo.
Quando você chupa uma laranja, precisa voltar ao mercado se quiser comprar outra. Nesse caso, faz sentido pagar ali mesmo.
Com um objeto de arte, você não está comprando papel, tinta, pincel, tela ou notas musicais, mas a idéia nascida da combinação desses produtos.
A "pirataria" pode agir vomo uma apresentação ao trabalho do artista. Se gostar da idéia, aí você vai querer tê-la na sua casa; uma boa idéia não precisa de proteção.
O resto é ganância ou ignorância.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
"My thoughts on S.O.P.A.", by Paulo Coelho
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Somewhere
Olá! Após alguns anos, como todo bom blogueiro, estou de volta. E já trago mais uma recomendação musical de primeira linha, afinal, é dever cívico divulgar o pouco que presta e anda perdido em meio à "global vulgaridade". Curtam!
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